terça-feira, 31 de julho de 2012

Segundo dia em casa

Parece que o Horácio andou mexendo nas coisas por aqui. Meus livros não estão na velha desordem e seu aspecto me parece estranho, organizados de uma forma que não entendo.
O meu amigo quis dar algum arranjo que para mim é ininteligível. Não importa. Em uns quinze dias eles estarão desorganizados do meu jeito e, portanto, completamente organizados.
O apartamento também parece excessivamente limpo para o meu gosto. Falta aquela poeira sobre os móveis que antes da prisão os tornava tão familiares. Eu estava em casa e é o que eu pretendo estar o mais breve possível.
Bem, quando o Horácio voltar, vai continuar a ser aquele cara adorável de quem me lembrava, bem diferente do croata barbudo e de nome impossível que era o meu companheiro de cela.
Depois, é claro, vou voltar a achar o Horácio o velho enquadrado e sistemático de sempre, só que cinco anos mais velho e pior.
Grande Horácio. Por enquanto.
p.s. Entrei com meu pedido de passaporte na embaixada brasileira. Espero que eles não se esqueçam de que sou de lá, goiano de Goiás Velho. O que me atrapalhou um pouco foram estes cinco anos de prisão que me deixaram com um sotaque engraçado em portugues.

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