quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O cozinheiro de Buda


— Prazer, Ashytanga Yamachaka.
O carinha, de olho puxado, estava de bermuda, havaianas e a reboque do Horácio.
— Que interessante. Você é polonês?
Horácio estranhou.
— Que que é isso, cara. Não vê que ele tem olho puxado? — E apontou para o china — Ele é a reencarnação de um auxiliar do próprio Buda.  
Fiz cara de desdém.
— Era o quê, o cozinheiro dele? — Estiquei o queixo para ele — e tem mais, não tinha que estar com aqueles panos cor de abóbora, não?
O china parou de dar uma de bobo e fechou a cara. Mas não me impressionei.
Pra mim, é esquizofrenia, golpe ou paspalhice.
Horácio tentou melhorar as coisas. Virou-se para o china e disse.
— Olha aqui, Ashy, ele é assim mesmo, tá?
Ashy? Já está íntimo é?
Horácio me deu um olhar furibundo, agarrou o braço do reencarnado, e se mandaram.
Meu estômago roncou e olhei o relógio. Hora de almoçar.
Lá longe, Horácio e seu novo amigo caminhavam.
— Será que esse Ashytanga Yamachaka cozinhava bem mesmo?
Dei uma pensada, e decidi que não.
— Estes malucos vivem de prana. Prefiro a buchada do português.


Nenhum comentário:

Postar um comentário