segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Enfim, a Cidade Maravilhosa!


Para não ficar enchendo o ouvido de incautos, digo logo que cheguei estropiado, mas cheguei ao Rio de Janeiro. Tomei o frescão do aeroporto do Galeão até o Santos Dumont, já disposto a enfrentar a raça de motoristas de taxi que ficam esperando os otários ali na saída.
— Leme.
— Leme, onde?
Esses mequetrefes ficam inventando questão onde não existe.
— O Leme é grande pra cacête, né? — Fui empurrando a mala pra cima dele. — Depois eu lhe digo.
Quase desabando sob a minha bagagem mulambenta, lá veio ele com outra.
— O doutor quer ir pelo caminho mais curto?
Gracinha de cara.
— Qual?
— Pelo túnel Santa Bárbara.
— Hum, deixa eu ver. — Botei a mão no queixo e olhei para cima. — Será que dá para ver a esta altura que eu também estou de sacanagem?
Olhei de volta para ele.
— Você quer dizer pegar a Praça Mauá, a Candelária, a Presidente Vargas e seguir até a saída para o Túnel? — Soltei o meu sorriso mais cínico. — Será que pelo túnel Paulo de Frontin não fica mais rápido não?
O cara murchou. Saiu carregando a mala para o bagageiro do táxi, enquanto resmungava.
— Então por que é que não disse que queria ir pelo Aterro logo?



— Cento e cinquenta reais.
Fiquei roxo.
— Cento e cinquenta pra vir do Santos Dumont até a Gustavo Sampaio? Ficou maluco?
O motorista se virou para mim com cara de agora-te-peguei, estendeu a mão e repetiu.
— Cento e cinquenta merréis. — Merréis é a moeda carioca. Quando era cruzeiro, carioca falava merreís. Na época do cruzado, a moeda do carioca era merréis. E quando virou Real, continuou sendo merréis. Só quando é muita grana é que vira contos.  Por exemplo, dois mil merréis vale dois contos, sacou?
— Esquece. Pode seguir para a delegacia. Vamos discutir isso lá.
O cara não se fez de rogado e arrancou.
Me deu medo dos meganhas quererem abrir a minha mala. Só mania de perseguição mesmo. Não conseguia imaginar o que é que os caras poderiam encontrar lá. Talvez só os duzentos dólares de haxixe que eu comprei no aeroporto de Bucareste. Mas quem vai dar bola pra isto, né?
Mas terminou que o taxista só deu a volta na quadra e voltou para a mesma esquina.
Estendeu a mão de novo.
— Então, só cinquenta reais.
— Só pago quinze.
— Trinta.
— Dezesseis e cinquenta.
Aí eu acho que o cara ficou meio puto, porque foi lá atrás, jogou a minha mala na rua, me arrancou do táxi e se mandou.
Tentei cantarolar a Garota de Ipanema, mas não me lembrei de porra nenhuma.
 Não tem a menor importância — e adentrei na portaria.

2 comentários:

  1. Malak, na boa: ninguém merece ter que digitar "código de segurança" para colocar um comentário - você está com medo do que podem vir a comentar?
    Que tal deixar sem isso, e incluir moderação - afinal, porque dar trabalho aos outros quando pode acumular o trabalho para si? :P

    []s!

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  2. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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